Wednesday, June 13, 2007

lisboa, coimbra, padua... lisboa!

Em 1145, apesar de alguns apontarem para a data 45 anos mais tarde, nasce em Lisboa, cidade recém-cristã, Fernando Martins de Bulhões, filho da fidalga D. Teresa Tavera, descendente de Fruela, rei das Astúrias e de seu marido Martinho ou Martins de Bulhões (há duvidas quanto ao apelido do pai).

Viveu com seus pais e sua irmã Maria, numa casa no bairro da Sé, até aos 15 anos. Aos 20 anos professou nos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em Lisboa, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Aqui prosseguirá os seus estudos teológicos. Mais tarde rumou a Coimbra, ao Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha a seu dispor a melhor biblioteca monacal do pais.

No primeiro mes do ano de 1220, são degolados em Marrocos, pelos muçulmanos, cinco frades franciscanos e todo o mundo cristão sofre um enorme abalo.

Em Coimbra, já ordenado padre, decide mudar de Ordem religiosa e passa a envergar o hábito dos franciscanos. e nesta ocasião que muda os nome de baptismo e vai viver com outros frades no ermitério de Santo Antão dos Olivais, na altura um pouco afastado de Coimbra.

Em meados desse mesmo ano chegam, com grande pompa religiosa, ao convento de Santa Cruz em Coimbra, as relíquias dos mártires de Marrocos e esse acontecimento vai ser decisivo no rumo da sua vida. Parte para Marrocos, sentindo que também ele é chamado a participar na conversão dos chamados infiéis. Porém adoece gravemente e não podendo cumprir aquilo que se propunha, embarca de regresso a Lisboa. Contudo o barco é apanhado numa tempestade e o seu itinerário é “alterado ao sabor de uma vontade superior” e acaba por aportar em Sicília.

Quando começou a falar imediatamente cativou os outros frades e a sua vida seria, a partir daquele dia, de pregador da palavra de Cristo. Percorrerá diversas regiões do actual pais bota, entre 1223 e 1225.

Em 1226, vai viver para Pádua. Aqui vai começar por fazer sermões dominicais. Da igreja passa para os adros. As multidões não param de engrossar. Dos adros passa a falar em campo aberto e é escutado por mais de 30 mil pessoas. É caso raro de popularidade. A multidão segue-o e começa a fama de que faz milagres.

O bispo de Ostia, mais tarde papa Alexandre IV, pede-lhe que escreva sermões para os dias das principais festas religiosas que eram já muitas na época.

Sentindo-se doente, pede que o levassem para Pádua onde queria morrer, mas foi na trajectória, num pequeno convento de Clarissas, em Arcela que “emigra felizmente para as mansões dos espíritos celestes”. Era o dia 13 de Junho de 1231. Ainda não completara um ano sobre a sua morte quando é canonizado, tornando-se caso único na historia da Igreja Católica.

Setecentos e vinte e sete anos mais tarde, nasce em Lisboa, Raquel Maria do Vale Garrido da Silva, filha de Margarida e seu marido Arnaldo Garrido da Silva. No dia em que todos os anos, Lisboa e Pádua comemoram igualmente a passagem por este mundo de um português que pregou a fé e morreu em Pádua. Dia onde se aproveita para ir comer caldo verde e sardinhas assadas, de preferência junto aos bairros da Sé e ver as marchas populares. Dia que nos dias que correm não passa de um agradável feriado Lisboeta em honra de Santo António.

As crianças já não pedem umas moedas para enfeitar o trono do Santo e as meninas solteiras provavelmente ja não lhe pedem um namorado... mas todos os anos celebro com muita felicidade o aniversario da minha mãe!

PARABENS!!!

3 comments:

Anonymous said...

Meu grande amigo Miguel, espero que ainda te lembres desta tua companheira de tantos anos Raquel Raposeiro. Tenho andado à tua procura e venho a descobrir o Miguel das Arábias..vida dá muitas voltas de facto. Um grande beijinho para ti, com muitas saudades. Deixo aqui o meu contacto: raraposeiro@bes.pt ou mouriscas@gmail.com

Anonymous said...

O que talvez não saibas, é que és o 25º neto de Domingos Martins do Bulhão (Lisboa c. 1175), cidadão honrado de Lisboa, segundo o Conde D. Pedro. Infelizmente, para ele, acabou os seus dias enforcado num moínho, por ordem Del-Rei D. Afonso Henriques, a quem desagradou por motivos políticos. Era da linhagem dos Bulhões a que pertencia Fernão Martins de Bulhões, mais tarde venerado como Santo António de Lisboa.
Gostei muito do teu texto, e noto com alegria, que deverás ter levado contigo alguns livros de cultura gera! Ou pesquisaste na internet?

Um 24º neto de Domingos, logo, teu tio...

Anonymous said...

Olá, Miguel! Fiquei muito contente de saber de ti, pela raquel, eu sou a clara do valsassina. Mandei-te um mail para o netcabo, não sei se o vês. Se tiveres outro, envia-o à raquel, para podermos ter contacto. Tudo de bom para ti. Um beijinho, Clara